São Cipriano
foi autor de diversas obras e tratados maliginos, e era já um
feiticeiro respeitado, reputado e temido, quando foi contatado por um
rapaz chamado Aglaide. O rapaz estava ardentemente apaixonado por uma
belíssima donzela cristã chamada Justina. Sendo rico, Aglaide
rapidamente conseguiu o consentimento dos pais de Justina para unir-se a
ela em casamento. Entretanto a jovem donzela professava uma forte Fé
cristã e desejava manter sua pureza, oferecendo sua virgindade a Deus,
por esse motivo Justina recusou-se a contrair matrimônio com Aglaide.
Desgostoso
e contrariado, mas com forte determinação em possuir a donzela Justina,
Aglaide encomendou os serviços de Cipriano. O Grande Feiticeiro usou
toda extensão de sua bruxaria, para fazer Justina oferecer-se a Aglaide,
cair em tentação carnal e renunciar a Fé cristã. Cipriano fez uso de
diversos trabalhos de magia, contudo nenhum deles surtiu qualquer
efeito. Para espanto de Cipriano, toda gama de feitiços que usava era
repelido pela jovem donzela, apenas através do sinal-da-cruz e orações.
Acostumado
a fazer belas moças caírem em tentação carnal; levando-as a entrar
pelos caminhos da luxúria e conquistando-as para si mesmo, ou fazendo-as
se abrirem a quem lhe encomendava os serviços de feitiçaria, Cipriano
não conseguia entender o que estava acontecendo. Ele encontrou muitas
dificuldades, e noite após noite visitava a jovem Justina com a sua
infernal quantidade de feitiços. Nada resultou.
Cipriano
desiludiu-se então profundamente com as suas artes místicas, que até
então tinham funcionado de maneira infalível. Viu todo seu conhecimento
de magia e ciências ocultas, todo seu poder, ser derrotado por uma mera
donzela com Fé no Deus de Cristo. Foi então que, aconselhado por um
amigo seu, de nome Eusébio, e observando o enorme poder sobrenatural da
Fé de Justina, Cipriano resolveu converter-se ao cristianismo. Assim
feito, o Grande Feiticeiro destruir todas suas obras esotéricas e
tratados de magia negra, bem como ofereceu e distribuiu todos seus bens
materiais e riquezas entre os pobres.
Depois
de converter-se, Cipriano foi fortemente atormentado pelos espíritos de
bruxas e demônios que o perseguiam, mas ele não vacilou, foi forte e
manteve sua Fé, afastando de si estas aparições malignas que pretendiam
fazer com que ele retornasse aos caminhos do maligno. A fama de Cipriano
era, contudo, grande e as noticias da sua conversão ao cristianismo
chegaram até a corte do Imperador Diocleciano que no então tinha fixado
residência na Nicomédia. A notícia despertou a ira do imperador
Diocleciano, implacável perseguidor do povo cristão.
Cipriano
e Justina foram então perseguidos, tendo sido aprisionados e lavados à
presença do imperador, diante do qual foram forçados a negar sua Fé. Ao
negarem renunciar a Fé cristã Justina foi despida e chicoteada, enquanto
Cipriano era martirizado com um chicote de pentes de ferro. Mesmo
assim, a cada açoite do chicote com dentes de ferro, e tendo a carne
arrancada do corpo, Cipriano não renegou a sua adquirida Fé, e Justina
manteve-se sofredoramente fiel a Deus.
Mesmo
sob tortura, Cipriano e Justina negaram-se a renunciar a Fé em Cristo,
então o imperador ordenou que fossem executados. Cipriano e Justina
acabaram por ser decapitados, em 26 de Setembro de 304 d.C., juntamente
com outro mártir , de nome Teotiso. Aceitaram a sua execução com grande
fé e serenidade, tendo desencarnado com coragem e dignidade. Seus corpos
nem sequer foram sepultados, ficaram expostos por seis dias, até que um
grupo de cristãos, comovidos pela barbárie, acabou recolhendo-os.